terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A Modernidade Curiosa!

Estamos vivenciando dias de crise. Interessante observar, nesse passo de descompassos, o quanto a curiosidade tem afetado as pessoas de maneira negativa, posto que a absorção de informações, em tempo, não são filtradas de modo a nos dar a opção de fazer uma reflexão acerca do seu conteúdo.

Há uma neurose de informações e de desinteresse tão grande para com as pessoas que podemos dizer que a modernidade curiosa se conecta a um mundo cada vez mais distanciado do que se acredita "ser humano".

Ontem, estava a assistir o jornal das seis da Globonews. Um jornalismo de primeira linha, sem dúvida, para pessoas curiosas como eu, mas notei um certo "ah que notícia velha!", por ocasião do desinteresse nas informações (alarmantes) veiculadas. Os repórteres e âncoras pareciam achar meio rotineiro: "ataque terrorista", "assassinato de embaixador russo".

Eu assistia chocado. Um embaixador sendo assassinado por um cretino, um jovem de 22 anos, Mevlüt Mert Altintas, que ainda exibia a sua arma com bravatas, diante da grande mídia. Os inúteis seguranças não o impediram de falar um monte de asneiras perante as câmeras. 

O policial assassino liquidou com o dito representante russo na Turquia, mas ao que parece isso não afetou as relações diplomáticas. Conforme o canal da grande Rede de Esgoto Nacional de Televisão (Globo).

Penso que isso é uma bizarrice. Deveria sim afetar as relações diplomáticas. É um absurdo um representante de tal quilate, um embaixador, ser assassinado. Ainda por cima da forma como foi feito, diante das câmeras. Repugnante! E que segurança ruim é essa?

"Altintas, que não estava trabalhando, entrou na galeria de arte depois de exibir o distintivo policial e o serviço de segurança do local detectou que estava com uma arma, informa o jornal Sabah.
O policial (sic.), que permaneceu atrás do embaixador na típica posição de segurança, sacou a pistola e matou o diplomata com vários tiros nas costas. Várias câmeras filmaram o assassinato de Karlov, atingido por vários tiros pelas costas quando pronunciava um discurso.
Após o assassinato, o policial gritou "Deus é grande" e afirmou que vingava a cidade de Aleppo, reconquistada pelo exército sírio com o apoio da Rússia."(http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/12/seis-sao-detidos-em-investigacao-por-morte-de-embaixador-russo-na-turquia.html). 

Se fosse com um embaixador brasileiro, estaríamos revoltados, porque isso afeta a soberania nacional. É o mesmo que atentar contra o Estado-nação Brasil. A Rússia deveria repensar isso, pois foi um escândalo e afeta sim relações diplomáticas.

Enfim, o "policial bandido" matou um inocente que tem pouco ou nada a ver com as mortes em Alepo e apenas acende, em nós, cidadãos da comunidade internacional, profunda indignação e repúdio a esse assassino. Os tiros saíram pela culatra, com certeza!    

Quanto ao ataque terrorista em Berlim, que deixou 12 mortos e dezenas de feridos no mercado de Natal, a polícia ainda não localizou o assassino.(http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2016/12/20/alemanha-busca-autor-de-ataque-a-mercado-de-natal-em-berlim.htm)

Não vemos a curiosidade chocar os jornalistas da Globonews. Eles pareciam achar uma rotina, duas notícias trágicas. Todavia, ao falar do avião da chapecoense que caiu vitimando várias pessoas, até hoje se fala nisso. Ocorre que este último não foi algo provocado, deliberadamente, como nas notícias de ontem. O que me faz crer que estas últimas têm maior peso no cenário internacional e deveriam ser mais ilustradas.

As forças profundas das relações internacionais (mídias televisivas jornalísticas) repercutem num cenário de guerra e de catástrofes humanas anunciadas. Isso não é normal.

A modernidade curiosa nada mais é do que esta ignorância quanto aos fatos. Não há a menor reflexão sobre o que está sendo dito ou noticiado. Uma curiosidade burra, desinteressada, massificada, e quiçá inútil, em virtude de não servir de apoio para uma modificação da maneira de pensar hodierna. 

Se perdemos a capacidade de nos chocar e indignar com tais notícias, melhor não sejamos telespectadores dessas reportagens, pois o interesse de informar também deveria pressupor o de se importar com os outros e não apenas jogar uma informação como se ela fosse corriqueira ou desimportante.    

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