segunda-feira, 27 de maio de 2019

Não podemos esquecer o que somos!

O que somos? Nada somos. Os seres humanos nada são. Eles pretendem ser. Arrogantes, pomposos em palavreados e escritos. Tendem a pensar que podem ser o que quiserem se se esforçarem para conquistar. A presunção do ser é tão avassaladora que as frustrações solapam a identidade individual que mergulha no precipício da existência.

A existência mesma teima em nos indicar que o ser apenas o é se em sociedade está, consoante a sorte que se lhe apresenta. Conforme os relacionamentos e a qualidade de entrosamento social que o ser empreende em suas diversas conexões com outros seres semelhantes.

Porém, não podemos nos esquecer de quem ou o que somos. Na verdade nada somos. Então, por quê? Para que estamos aqui ou por que vivemos em um planeta tão cheio de violência, ódio, desamor, enfim, insensatez?

O que somos, essa é a chave para explicar que a pretensão em razão do ser passa ao largo do próprio ser. Ora, o ser é e não poderia deixar de sê-lo. Jogado na angústia do sofrimento, um ser heideggeriano, voltado para si. Encostado em sua própria trave. Aquele que não consegue enxergar o outro.

O alter, outro, é uma extensão de nós. Mas se nós somos o que somos, por que então o outro também é o que é se ele me complementa?

Na verdade o complemento é transcendente. Ele não se limita ao mundo sensível. Está mais ligado a coisas lá de cima. Fatos sociais são irrelevantes nesta ótica, porquanto a metafísica é a ciência que mais se compagina com os eventos da alma, do espírito e da razão de os seres se complementarem. As ciências do espírito desprezam o corpo material, pois este perece.

Portanto, o convite que se faz é o da reflexão: o ser jogado na existência é por que é ou precisa de um complemento, o outro ser para existir? Uma bela frase que ouvi em minha adolescência, por um professor de matemática, Hildebrando: "a vida só é vivida se envolvida na vida de outra vida"! Concordo com a frase do mestre e endosso o pensamento de que o complemento, o alter, o outro, nos garante que o ser necessita de outros, não por ocasião dos fatos sociais ou materiais, mas para que seja atingida a plenitude da própria existência do ser individual. A complementariedade entre o ser e o outro ser faz surgir um amálgama de conforto, de sabedoria, de amor e de coragem para as lutas cotidianas do dia a dia ou para as batalhas travadas no campo espiritual. Sejamos o que somos, não nos esquecendo de esquecer de nossa insensatez, buscando no outro o complemento de nosso ser!  

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Parentes Serpente!

"Parentes Serpente", termo apresentado pela grande professora da USP e psicanalista Maria Homem. Quem nunca teve um parente assim? Uma pessoa tóxica, destrutiva, que quer apenas aniquilar ao seu semelhante, manchando a sua honra. Um verdadeiro sociopata introduzido no seio familiar.

A família, conforme repisado aqui mesmo neste blog, é a base da sociedade, consoante o artigo 226 da Constituição Federal, porém não podemos esquecer que ela também é a fonte de traumas, mágoas, intrigas e muitas coisas ruins que muitas vezes nem conseguimos imaginar. 

A cultura nesse âmbito é carregada de algo próprio dos membros que se unem para se fortalecerem e se constituírem como pessoas, preparadas para conviverem em sociedade. O espírito de proteção é vivo na figura dos pais que devem proteger às pessoas que estão em formação: os filhos.

Ocorre que, com o passar do tempo, toma forma outro tipo de espírito no ambiente familiar. Os irmãos crescem, com eles vem toda a sorte de insensatez adquirida no convívio social. O pensamento vigorante, no esquema familiar, passa a ser o individual em contraposição ao do núcleo constituído por seres semelhantes. Nesse sentido, toma corpo um novo tipo de figura: a do "parente serpente". Uma pessoa horrível que destila o seu ódio contra o que está mais fragilizado, no âmbito da família. Passa este a ser a "ovelha negra", o "patinho feio", o "adotado", enfim, o bode expiatório responsável por todas os males que acontecem no seio familiar.

Os parentes serpente possuem uma característica digna de comparação com a sociopatia, pois o egoísmo e o egocentrismo são marcas indeléveis de suas personalidades. A insensatez é tanta e tamanha que sequer sabem os pobres diabos que estão tomados pelo engano. O erro de suas reflexões denota apenas a maldade que carregam em seus corações cheios de ódio e ressentimento.

A sugestão de Maria Homem é que nos afastemos desses tais. Eles abraçam a ignomínia como quem aperta a uma criança querendo sufocá-la. Fingem ser pessoas do bem, cordiais. Aproximam-se, sorrateiramente, para conquistar a confiança das suas vítimas, mas pelas costas maquinam toda a sorte de maledicências e de destruição contra o seu próprio parente. Situação semelhante a do seriado "Umbrella Academy" da Netflix, em que Vanya, a personagem, sem poderes, o "patinho feio", é excluída do grupo sofrendo com a situação por ser "a diferente", coisa que no fim acaba mal para todos do grupo familiar e até para os de fora.