sexta-feira, 15 de março de 2019

As Pessoas Buscam Respostas, será que elas encontram?

O ser humano é curioso por natureza. Desde pequeno, busca conhecer as coisas; o porquê delas. Isso ocorre porque vive em sociedade e necessita se adaptar à realidade social.

Consoante ensinamentos de Marcos Bernardes de Mello:

"O ser humano(...) sente a necessidade de adquirir aptidões para sobreviver dentro da sociedade. Essa aquisição de aptidões traz como consequência a sua adaptação ao meio social, o que se revela através dos comportamentos que o indivíduo integra em si, ao longo de sua existência, alguns adquiridos espontaneamente, instintivamente, outros moldados conscientemente, muitas vezes contra a própria vontade, pelos ensinamentos que a comunidade lhe concede ou impõe.(...) nasce no seio social da família - o grupo social básico - e a partir daí tem início a moldagem de suas potencialidades no sentido da convivência social(...). O jugo social representado pela atuação no sentido da adaptação é aceito como uma imposição necessária à vida social". (MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do Fato Jurídico: plano da existência. 10° ed., São Paulo: Saraiva: 2000, p. 4-5)

A curiosidade indelével do ser humano tem como base a sua própria gênese, constituição. Há muito mistério envolvido na existência, por isso os questionamentos são necessários para que as respostas a problemáticas fundamentais, que talvez jamais serão conhecidas as soluções, venham a ser ao menos cogitadas. Indagações como: Quem que sou? De onde vim? Por que estou neste planeta? Para onde vou? Há vida em outros planetas?

As perguntas são parte do processo da vida. A humanidade sempre foi inconformada com a sua condição social e por isso buscou subterfúgios para modificar o meio, o sistema, em que vive. Questiona-se e irresigna-se contra a adaptação social através de teorias que, na maioria das vezes, estão erradas, a exemplo do Comunismo.

"Esse inconformismo do homem à adaptação social é encontrável permanentemente em todo o desenrolar da história e revela, sempre, discordância com os padrões sociais que lhe são impostos. Há momentos em que essa discordância gera reações que, alcançando níveis paroxísmicos, levam à revolução, com  alterações, muitas vezes profundas, nos modelos de conduta social(...). Teoricamente ou na prática, a verdade histórica, porém, frustra qualquer esperança de que a sociedade possa prescindir dos instrumentos de adaptação social, especialmente o direito. Em todos os tempos as transformações sociais jamais passaram de metamorfoses, quer dizer, de mudanças de forma, apenas." (Idem, p. 5).

O fato é que o homo sapiens "jamais se despe, por completo, de seus instintos egoístas, motivo pelo qual não consegue apagar, nem mesmo superar a sua inclinação; muito natural de fazer prevalecer os seus interesses quando em confronto com os seus semelhantes". (Ibidem, p. 4) 

Em "Capitão Fantástico", excelente filme estrelado por Viggo Mortensen e outros, é possível visualizar bem o tom de indignação dos personagens quanto ao "sistema". A família numerosa em filhos e o pai que havia perdido a mulher para uma doença terminal, buscam viver da natureza, utilizando técnicas de sobrevivencialismo, disciplina e organização. Repudiam o modus vivendi capitalista. Ocorre que a vida na natureza sufoca aos filhos e ao pai que passam a saquear supermercados para poderem comer. Acabam por buscar socorro no avô paterno que é rico. Sem opção, a família volta ao convívio social, mesmo o pai discordando do "sistema"! 

Nesse ponto, podemos dizer que o todo (sociedade) fez pressão sobre a parte (família).

"Parece claro, assim, que a própria vida social não só impõe, como não pode prescindir da adaptação do homem, motivo pelo qual os processos de adaptação social, especialmente o Direito, são indispensáveis à convivência inter-humana. O Direito - como, de resto, todos os processos de adaptação social -, conquanto seja essencial à sociedade, não no é ao homo naturalis, ou seja, ao homem em estado de natureza. (...) Daí ser imperiosa e irremovível a necessidade que tem a comunidade de manter sob controle o comportamento de seus integrantes, contendo-lhes as irracionalidades e traçando-lhes normas obrigatórias de conduta, com o sentido de estabelecer uma certa ordem capaz de obter a coexistência pacífica no meio social." (MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do Fato Jurídico: plano da existência. 10° ed., São Paulo: Saraiva: 2000, p. 6-7)

Assim, por mais que as pessoas busquem respostas para os seus problemas, em teorias mirabolantes como o Comunismo ou em qualquer outra esfera de realidade, é cediço que a sociedade sempre vai imprimir alguma força sobre o indivíduo, de modo a moldar a sua vontade conformado-a ao que se compagina com o "bem viver" social, de maneira "hábil e eficaz" a fim "evitar o caos social e obter uma convivência harmônica entre os seres humanos."(Idem, p. 7) 
     

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