terça-feira, 15 de setembro de 2020

Redes Sociais, Espionagem e Furto do Tempo!

Recentemente assisti a um documentário da Netflix, bem interessante, acerca das redes sociais e dos perigos que acarretam fazer parte de tais grupos. Chama-se: "O  Dilema das Redes". Tal documentário, afirma que as redes sociais têm dividido pessoas e espalhado as famigeradas "fake news", promovendo o caos social, invadindo a privacidade dos participantes, furtando o seu tempo e espionando a sua vida. Acusa-se que somos como mercadorias, posto que se não pagamos para ter acesso a essas ditas "redes", então somos o produto. 

Nossas informações são mercadorias valiosas no mundo dos dados. A relevância de se obter informações acerca de todos nós participantes dessas redes faz com que sejamos reféns de bandidos digitais e de grandes empresas que lidam com publicidade, assim estaríamos correndo um exagerado risco ao nos cadastrarmos nos grupos das redes sociais, posto que nossas informações seriam vendidas aos anunciantes, estes sim financiam aos donos multibilionários das ditas redes sociais.

O documentário fez alusão à ameaça ao "status quo democrático" (ou seria demagógico?) que vigorava antes das ditas redes sociais. Há um quê de revanchismo na narrativa do documentário, posto que assevera que não estamos a viver em uma democracia, porquanto os candidatos de partidos de direita vêm angariando vitórias em eleições. São denominados extremistas, tais candidatos, pertencentes à "extrema direita" que visam a dividir as pessoas e promover o caos social.

Ouso discordar desta narrativa. Há muitos anos não vimos, em lugar algum do mundo, uma democracia realmente participativa. Diversamente do que quer dizer o senhor documentarista do encimado documentário, a democracia realmente tem funcionado de maneira efetiva. A tentativa de fazer com que as "fake news" promovam o descrédito das democracias vigorantes, não é senão uma verdadeira "fake news", porquanto a mentira faz parte do jogo político desde os primórdios. Não há que se falar em "fair play" nas disputas políticas. A problemática se resume na retórica. Na capacidade de convencer ao interlocutor do que é correto e o que é repugnante.

Todavia, podemos discutir acerca da corrupção, uma prática espúria praticada pelos políticos do mundo inteiro, mas que segue sob a imagem do imundo que usa, se apropria do que é do povo em benefício próprio. Quem seria capaz de aceitar aquele que "rouba, mas faz" em pleno século XXI?

Penso que as democracias estão a funcionar justamente porque o eleitor disse: BASTA!!!

Não deseja mais que bastardos da dita "esquerda", ladra, saqueie o que é do povo. O eleitor passou a vigiar mais os seus candidatos e isso é uma coisa boa. No tocante às mentiras espalhadas nas redes, as pessoas que as frequentam sabem o que está ou não de acordo com a realidade. É só sair lá fora e verificar. Ninguém é enganado ou ingênuo a ponto de acreditar em mentiras nos nossos tempos. As pessoas estão sabendo o que é certo e o que é errado. 

As "democracias" lideradas por governantes de esquerda não eram tão transparentes quanto as democracias lideradas pelos governantes mais a direita do espectro político. Onde que um Tribunal de Superposição, em épocas passadas, teria o poder de liberar a gravação de uma reunião secreta do governo? Isso só é possível hoje porque a democracia é plena ou pelo menos está caminhando nesta direção.

O dito documentarista também fala sobre os riscos que nossos filhos estão a correr, quando frequentam tais redes sociais. Em hipótese alguma, os entrevistados deixariam seus filhos participarem de tais redes por ocasião do vício (adicção) que provocam, por furtarem o tempo precioso das pessoas, os dados pessoais e porque os riscos de suicídio são iminentes, já que a demanda por "joinhas", os ditos "likes", têm causado ansiedade e depressão nos mais jovens, quando estes são "enjeitados" pelos participantes das referidas redes.

Penso que os caminhos de hoje não têm mais volta. Não é possível vencer a "Turma do Vale do Silício". Esse grupo é muito poderoso e não é só no lado econômico não. A influência que exerce é da musculatura de países e da envergadura do nosso planeta. Como não é possível vencê-los, devemos nos unir a eles. O bom senso é o rei dentre as táticas de vitória. Os mais novos terão que lidar com essa nova realidade. O mundo mudou demais nos últimos dez anos. Não é mais como quando estabelecíamos vínculos mais próximos com os outros. O que vigora hoje é uma formatação muito diferente. 

Relacionamentos virtuais, conversas por aplicativos, liquidez de relações sociais não são sinais de degradação da humanidade, mas sim que a maneira como se dava o convívio mudou radicalmente. Pode haver o elemento ético que venha a afirmar que isso gerou perdas, mas "para ganhar temos que perder!" Não existe isso de jogo do "ganha ganha", isso é falácia de conciliadores. O ganho que temos que aduzir é a facilidade que hoje temos de nos comunicar, de estabelecer vínculos de proximidade ou não. Saber lidar com essa nova formatação é que é a encrenca vigente.

Nós, dinossauros da meia idade, não estamos habituados com o novo. Tendemos sempre a acreditar que o velho, o "vintage", é sempre o mais correto. Que as certezas, que há muito se desfizeram após o século XX, é que deveriam estar presentes e não a "liquidez" quase que absoluta das relações. Não estamos acostumados com incertezas, mas isso é o que nos tornamos. Seres incertos em um mundo cada vez mais modificado e diferente, não excludente necessariamente.              

Assim, penso que a evolução das tecnologias e mesmo as espionagens têm potencial para nos fazer mais vigilantes acerca dos erros cometidos por governantes ou mesmo pelos donos das ditas "redes sociais". Podemos cobrar destes, para que façam a internet mais segura e menos nociva aos interesses individuais. Isso faz parte do jogo democrático. Agora, tentar destruir os poderosos do "Vale do Silício" não me parece positivo, já que os mesmos revolucionaram o nosso modo de viver e de pensar. Adequar-se a essa nova realidade, em busca do bom senso e da pró-atividade é muito mais seguro e faz com que venhamos a progredir.    

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