segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Hipermodernidade e uma crítica aos padrões vigentes

"Hipermodernidade é o termo usado para denominar a realidade contemporânea, caracterizada pela cultura do excesso, do acréscimo sempre quantitativo de bens materiais,de coisas consumíveis e descartáveis. Dentro desse contexto, todas as interações humanas, marcadas pela doença crônica da falta de tempo disponível e da ausência de autêntica integração existencial, se tornam intensas e urgentes. O movimento da vida passa a ser uma efervescência constante e as mudanças a ocorrer em ritmo quase esquizofrênico, determinando os 10 valores fugidios de uma ordem temporal marcada pela efemeridade. Como tentativas de acompanhar essa velocidade vertiginosa que marca o processo de constituição da sociedade hipermoderna, surge a flexibilidade do mundo do trabalho e a fluidez das relações interpessoais. O indivíduo da 'cultura' tecnicista vivencia uma situação paradoxal: ao mesmo tempo 16 em que lhe são ofertados continuamente os recursos para que possa gozar efetivamente as dádivas materiais da vida, ocorre, no entanto, a impossibilidade de se desfrutar plenamente desses recursos. Renato Nunes Bittencourt. Consumo para o vazio existencial. In: Filosofia, ano V, n. 48, p. 46-8 (com adaptações)." Fonte: prova do concurso do MPU. Sítio do Cespe/UNB.

É interessante notar que a denominada "HIPERMODERNIDADE" se instalou nesse mundo para dificultar ainda mais a vida do ser humano, exigindo dele o máximo pelo mínimo de recompensa, isto é, salários infames. Verdadeiro paradoxo, posto que ao mesmo tempo em que há recursos tecnológicos fascinantes e abundantes, muitos vivem abaixo da linha da pobreza, mendigando o pão, dormindo ao relento, sem esperanças ou expectativas de um futuro melhor.

Reportagem interessante feita por um programa de televisão da Band, no último sábado à tarde, "A Liga", retratou bem a vida de mendigos nas ruas de São Paulo, a maior cidade brasileira - em termos de emprego e tecnologia - que é, na verdade, o "grande esgoto do Brasil".

Como é detestável perceber a hipocrisia, o preconceito, a falta de empatia com o próximo, o ódio que povoa a cabeça dos indivíduos de uma sociedade dita "civilizada" para com aqueles que nada têm. É fácil ser gentil com os que nos remuneram e nos ajudam, mas para com aqueles que nos pedem ou com os que moram nas ruas, somos grosseiros e estúpidos, intolerantes.

O repórter do programa exibido no sábado fantasiou-se de mendigo para provar que não poderia comer e nem tomar café em algumas lanchonetes ou restaurantes. Mesmo pagando, era proibido de entrar nesses lugares. A quem recorrer para garantir a qualquer pessoa, mesmo um mendigo, o direito de comer aonde quiser? À polícia? Seria o mendigo espancado ou preso por "vadiagem", um absurdo, porque esse "crime anão", contravenção penal, foi revogado tacitamente pela Carta de 1988. Ainda assim, o homem só quer ter o direito de comer no lugar onde bem entender, isso não é crime.

Deve então, o mendigo, recorrer ao judiciário alegando danos morais porque é um pretenso consumidor que foi humilhado, por ocasião de sua condição de ser um "sem-teto"? O juiz arquivaria o feito ou demoraria 10 ou mais anos para julgar, se não o extinguisse sem resolução de mérito, afirmando que isso é um mero dissabor do dia-a-dia, não haveria legitimidade para a causa existir na forma do artigo 267 do CPC. É, talvez seja, porque isso ocorre todos os dias, mas no meu entender isso ofende aos direitos da personalidade, da dignidade da pessoa humana, não é mero dissabor.

Como o ser humano é horrível!!! Com maldição somos amaldiçoados. O que será do homem sem a sua humanidade? O que será da vida sem o amor ao próximo ou o amor a nós mesmos?

O trabalho voluntário, basicamente é inexistente. Ninguém está interessado nesses "sem-teto". É deplorável! Pessoas que comem do lixo, vidas arrasadas. Enquanto poucos, uma elite burguesa, desgraçada, que fede mais que o lixão, em termos espirituais, se delicia com a nova formatação desse maldito mundo tecnológico e "hipermoderno".

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