domingo, 13 de janeiro de 2013

O Preconceito Social e sua Chaga!

O Brasil é uma país de desiguais. Embora a Constituição de 1988 apregoe a igualdade perante a lei em seu artigo 5º, caput, sabe-se que o pior preconceito que um cidadão de nossa pátria pode enfrentar é o social. Não obstante a esse quadro de desnível social, as cotas raciais são implementadas no sentido de diminuir as desigualdades socioeconômicas vigentes. Ocorre, porém, que as diferenças sociais são uma chaga enfrentada pela maioria da população brasileira. A questão persistente é: algum dia o ser humano deixará de ser mesquinho, insensato, destituído de humanidade e respeitará seu semelhante?

Na leitura do livro, "Psicologia da Adolescência" de Samuel Pfromm Neto, Livraria Pioneira Editora, 4ª ed., São Paulo, 1974, p. 222 -225, é possível visualizar um ranço de idéias amargas, preconcebidas pelos extratos socias mais abastados da sociedade para com os despossuídos. É notável o preconceito encetado por esses "doutores" quando afirmam que os pobres são menos capazes que os ricos, que os miseráveis são desorganizados, falam alto, vivem a brigar, discutir, vivem espremidos em espaços minúsculos, cubículos, com um amontoado de gente (familiares) e seus lares são como chiqueiros (sujos). Quando afirmam tais personalidades da cultura nacional que os desfavorecidos economicamente são débeis, com desenvolvimento cognitivo e cultural absurdamente retardado por ocasião de sua pobreza, revelam-nos os preconceitos ilustrados pelas pessoas das camadas mais ricas e que fazem com que nos tornemos reféns desse pensamento que requer uma segregação de seres humanos, de maneira a configurar um "apartheid social".

Não é à toa que há escolas gritantemente mais caras por causa do preconceito social, onde a mensalidade para o nível fundamental custa mais de R$ 2.500,00 (mais cara que a mensalidade de uma universidade particular boa) e suas crianças morrem afogadas nas piscinas desses estabelecimentos (comerciais?) de ensino. É impressionante como os seres humanos se tornaram tão desumanos e mesquinhos. As diferenças sociais não reduziram como diz o governo: "nosso país é em sua maioria de classe média". Hoje já não existem mais os termos classes ricas, médias e pobres. Preferiu-se utilizar as letras do alfabeto, classes: A, B, C, D, E.., na tentativa de maquiar as desigualdades. 

Governantes estúpidos querem que as classes de trabalhadores se resignem com sua miséria e se contentem com um "crédito fácil" quitado em 24 meses, para se adquirir um eletrodoméstico ou qualquer outro "cacareco velho", a juros extorsivos, caso não haja o pagamento. Querem à fórceps que, esses que realmente produzem para o seu país, esqueçam das gritantes desigualdades sociais e do preconceito que sofrem por serem pobres, injustamente, iludindo-os com a idéia de que as diferenças estão reduzindo, que tudo vai melhorar, "mas como acreditar se os mesmos (governantes) sempre estiveram lá prontos para nos trucidar?....Mal político para mim o pior dos demônios.... Assassinos Sociais, os Poderosos são Demais." (letra da música do grupo de rap GOG, Assassinos Sociais).

O preconceito linguístico também é denotado para dizer que o pobre não sabe falar, nem se expressar e não tem educação formal (livro de Pfromm Neto). Cediço que boa parte dessa acusação aventada pelo autor de Psicologia da Adolescência tange ao imaginário, ao dizer que o pobre não tem inteligência e chega a ser débil, não passa de um embuste, decorre da percepção de pessoas insensatas, sem um mínimo de consideração com o seu próximo, egoístas, escroques, avarentas e absolutamente doentes. Verdadeiros sociopatas e que mereciam ser colocados à margem como eles o fazem com a maioria. Como diria um sábio: "rico, só matando!"

Mesmo assim, quer o(a) líder da nação dizer que as desigualdades sociais estão a ficar mais estreitas, na medida em que "ações afirmativas" são tomadas para a inclusão dos afrodescendentes nas cotas raciais ofertadas em universidades e, até mesmo, em concursos públicos. Falaciosamente, tenta-nos fazer crer que isso fará alguma diferença na redução do abismo existente entre as classes. Um meio muito fácil e cínico de dizer que nada mudará, porque é o preconceito social e não o racial que ainda é o que há de mais forte no nosso Brasil de injustiças.

Os desníveis sociais são como chagas a serem tratadas por um choque de gestão emocional em pessoas que esqueceram de sua humanidade, que deixaram de "amar ao próximo" para se confortar em suas riquezas, amando-as, de modo que se tornaram incapazes de respeitar seu semelhante. Estão tão distantes da ética e as únicas coisas que conseguem enxergar são: o ódio, o preconceito, o seu próprio úmbigo, o desrespeito e a indiferença para com o seu semelhante. 

Já não devemos olhar com a visão cristã, mas sim da ética. Será socialmente aceitável o preconceito social? O "apartheid social" terá fim algum dia? Até quando a insensatez não humana fará eco nas cabeças de pessoas mesquinhas, notadamente das classes A e B desse nosso país? E respondendo à pergunta inicial, creio que não haverá jamais esse sentimento de altruísmo dos ricos para com os pobres, porque a riqueza os impele a serem assim, dotados de ódio e preconceito.  


       

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