sábado, 14 de novembro de 2015

A Nova Ordem Mundial, Uma questão de Perspectiva!

Em breve leitura acerca do tema, podemos verificar que nunca houve, em qualquer lugar, uma ordem mundial global. A hoje conhecida, foi "concebida na Europa Ocidental há quase quatro séculos numa conferência de paz realizada na região alemã de Vestfália, sem o envolvimento ou sequer o conhecimento da maioria dos outros continentes ou civilizações" (KISSINGER, Henry. Ordem Mundial. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015, p. 14).

"A ideia de ordem mundial foi aplicada à extensão geográfica conhecida pelos estadistas da época - um padrão repetido em outras regiões. Isso se dava, sobretudo, porque a tecnologia da época encorajava ou mesmo permitia a operação de um único sistema global. Sem ter como interagir consistentemente e sem contar com um quadro de referência para medir o poder de uma região em relação ao das demais, cada região via a própria ordem como única e definia as demais como 'bárbaras' - governadas de um modo incompreensível e irrelevante para os seus propósitos a não ser enquanto ameaça. Cada uma definia a si própria como um modelo de organização legítima de toda a humanidade, imaginando que, o governar o que tinha à sua frente, estava ordenando o mundo". (Idem, p. 12).

O observado, hodiernamente, é o sistema vestfaliano global, porquanto ocupou-se de "amenizar" o viés anárquico mundial através de normas internacionais e organizacionais adequadas ao "livre-comércio e um sistema financeiro internacional estável, estabelecer princípios para a solução de disputas internacionais e fixar os limites para conduta na guerra, quando estas vierem a ocorrer. Esse sistema de Estados abrange agora todas as culturas e regiões. Suas instituições oferecem uma matriz neutra para as interações entre sociedades diversas - em grande medida independentemente dos seus respectivos valores". (Ibidem, p. 14).

Em vias de resumo, a nova ordem internacional que conhecemos hoje tem seu início marcado pelo "Tratado de Vestfália", assinado após a guerra dos Trinta Anos (1618-1648), entre católicos e protestantes. Nesse diapasão, a busca por uma ordem mundial segue a ideologias, tanto religiosas como as de grupos extremistas terroristas Jihadistas do Oriente Médio, quanto dos Estados Unidos que alternam entre "a defesa pelo sistema vestfaliano e o ataque dos seus pressupostos - a balança de poder e a não interferência nos assuntos domésticos", como um "xerife" dessa nova formatação de mundo, sob o argumento da defesa dos direitos humanos e fundamentais, "valores universais" consoantes a "paz". Imiscuindo-se nos assuntos internacionais como a superpotência que é. (Ibidem, p. 15).

"O sucesso dessa empreitada exige uma abordagem que respeite tanto a diversidade da condição humana, como o arraigado impulso humano de buscar liberdade. Nesse sentido, a ordem precisa ser cultivada, não pode ser imposta. Isso vale particularmente numa era de comunicação instantânea e transformação política revolucionária. Qualquer sistema de ordem mundial, para ser sustentável, precisa ser aceito como justo - não apenas pelos líderes, mas também pelos cidadãos. Precisa refletir duas verdades: ordem sem liberdade, mesmo se baseada em entusiasmo momentâneo, acaba por criar o seu próprio contrapeso. Contudo, a liberdade não pode ser sustentada sem uma estrutura de ordem que mantenha a paz. Ordem e liberdade, às vezes descritas como polos opostos no espectro da experiência, deveriam, ao contrário, ser compreendidas como interdependentes. Os líderes de hoje terão capacidade de se colocar acima da urgência dos acontecimentos do dia a dia para alcançar esse equilíbrio?" (Ibidem, p. 16)

Melhor ainda, poderia a insensatez humana ser domada para que se concretizasse um ideal maior, como a implementação de uma ordem mundial global, haja vista a falta de razoabilidade de seus governantes na condução das políticas, nesse sentido?