sábado, 30 de maio de 2015

A Boa-Fé se Pesume, a Má-Fé se Prova!

Agir de boa-fé é essencial para a vida em sociedade. Ubi societas ibi ius (onde há sociedade, ali estará o direito), o direito é a arte do bom e do justo (ius ars boni et aequi), esses são brocardos jurídicos que explicam que a justiça encontra-se com o direito na mesma medida em que o ser social convive em sociedade. Nesse diapasão, o princípio basilar dos contratos, a boa-fé objetiva, faz sentir o seu peso nas relações sociais e judiciais.

Os contratos estão intimamente ligados às relações sociais, porque as trocas que evoluíram para o comércio sofisticado capitalista que conhecemos fez com que os acordos se tornassem cada vez mais complexos e a palavra por si só já não basta, como termo de acordo. É necessário que se escreva algo em uma folha de papel, se assinem nomes de partes e testemunhas (em alguns casos). Somente assim o pactuado seria convertido à existência.

Ora, mas a boa-fé não se prova, se presume. Por que raios temos tanta presunção de má-fé no plano dos fatos e do processo? 

Simples, o sistema está bem mais sofisticado e a complexidade demanda que pequenas falhas de caráter existentes no meio dos contratantes ou acordantes sejam corrigidas. Como esse sistema por si só é incapaz de tangenciar todas as situações possíveis, como o direito não o é capaz, a única coisa a se fazer é tornar o princípio da boa-fé em algo que deve ser provado documentalmente. Posto que a desconfiança e o medo são a prova desse sistema falido que mitiga princípios.

Princípios são o cerne, a base, o sustentáculo. Mudar a sua intenção seria o mesmo que reconstruir o prédio por completo. Assim, estão a fazer ruir princípios basilares como o da boa-fé objetiva que jamais deveria ser posto em xeque por meros contratos ou acordos malfeitos. 

É necessário observar que o princípio da boa-fé comanda a nossa convivência e, portanto, jamais devemos provar a boa-fé, mas sim a má-fé, posto que a regra é a da boa convivência e o oposto a exceção.

O Ato de Pensar e Refletir de Maneira Errada ou Inadequada!

O pensamento é uma arma que pode nos sufocar e angustiar. No âmbito do cristianismo o ditado é que a mente vazia seria uma oficina do diabo (o gênio ruim que se manifesta de forma sutil e espalha o seu veneno). No mesmo sentido danoso, o ato de pensar acelerado pode prejudicar a saúde, conforme pontua Augusto Cury:

"(...) a maioria de nós perceberá que utiliza excessivamente a memória, por isso pensa excessivamente e se desgasta também excessivamente, gerando a síndrome do pensamento acelerado (SPA). Emoções flutuantes, pensamentos antecipatórios, excesso de compromissos, fazem parte do cardápio de uma pessoa hiperpensante."(CURY, Augusto. O Código da Inteligência: a formação de mentes brilhantes e a busca pela excelência emocional e profissional. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil/Ediouro, 2008, p. 14-15).

Pensar antes de falar, refletir antes de agir, meditar quando se está passando por um problema grave, todas essas atitudes fazem parte do repertório de pessoas sábias. Sabemos, contudo, que o mundo moderno está recheado de estultícia e o ato de pensar de maneira errante e inadequada, com "maus olhos", como descreve a Bíblia, é uma constante nos nossos dias. 

Raramente vigiamos quando estamos a dialogar e pensamos antes de falar sobre tal ou qual coisa. Jesus disse: "orai e vigiai". Orar, meditar, pensar, para mim parecem sinônimos. O pensamento acelerado, entretanto, ativa o gatilho das más lembranças, por isso a sábia lição do Maior Psicólogo, "vigiai e perdoai". 

Vigiar e perdoar duas coisas altamente complicadas de se fazer e de se aprender. Contudo, o ato de pensar de modo errante pode destruir nosso eu interior e torná-lo peça despicienda na vida. Não é necessário que nos culpemos por sermos incapazes de perdoar porque o perdão acaba acontecendo naturalmente quando novos fatos ou vidas adentram em nosso convívio. O vigiar pertence ao tempo. Quando possuirmos maturidade e semearmos coisas boas, a vigília será automática. Ninguém quer possuir maus pensamentos que flutuem em um mar de lama e miséria ou quer?

A síndrome do pensamento acelerado faz-nos refletir sobre toda essa tecnologia que experimentamos. É necessário parar e refletir, utilizar de maneira salutar a memória e o pensamento, na linha de construção de coisas melhores:

"Se as pessoas usassem mais racionalmente sua memória, desgastariam menos seu cérebro, acordariam mais dispostas, elogiariam mais o dia que desabrocha, criariam mais oportunidades para conquistar quem amam, para ter gestos únicos, reações inesperadas, atitudes deslumbrantes".(Idem, p. 15)

Assim, importante que o ato de pensar seja feito de forma comedida. O acometido pela síndrome do pensamento acelerado deve esvaziar a sua mente e esquecer um pouco dos problemas. Algumas vezes escrever ou teclar, como estou a fazer aqui, ajuda a descarregar esse peso magnético e poluído de cargas negativas de pensamentos, a que estamos sujeitos todos os dias, introduzidos pelas mídias que frequentamos. Destarte, meditar é algo importante para o que sofre de pensamentos erráticos e inadequados. 

sábado, 23 de maio de 2015

A Crise de 2015

Os tentáculos midiáticos influenciam de maneira relevante a maneira do nosso pensar e de como podemos nos conformar com o "adequado" jogo  da realidade, sem sermos atacados por nossas opiniões diversas. Somos basicamente moldados nessa formatação do consenso, sem crises, mas virtualizando-as, porque a crise é algo que nos é inerente. Isso, contudo, é bem ruim posto que favorece à formação de barreiras na mente, como o medo que pode ser destrutivo se não gerenciado. 

O Empicuros vaticinou a crise que aí está. A financeira dos cortes. Cortam as verbas, aumentam as contas, desemprego aumenta, prejudicam os que precisam e os mais desfavorecidos economicamente sofrem muito mais. Porém, ela já existe desde que o homem é homem através de seu embate com a sua própria existência, com a sua capacidade de subsistência. Deve, assim, ser gerenciada em seus diversos matizes de cores, mesmo que acinzentados, pois existir é melhor do que morrer, mesmo que na miséria!!! 

Gerir a existência não é tarefa fácil para ninguém, mas imaginar a morte é algo bem mais doloroso para os que ficam. Dizem que 6 (seis) pessoas sofrem com a perda de um ente querido. Não é apenas aquela pessoa que se foi, mas parte dessas seis vidas também se acaba nesse episódio terrível. Os que ficam sofrem mais.

Voltando à "vaca fria", a crise é melhor quando focalizada nesse prisma, o da morte. Porque quando a enfrentamos podemos pensar noutras saídas que antes não tínhamos em mente. Isso não significa que somos "acomodados" a ela, mas podemos enxergar algo que está além de nossa percepção. Em momentos de penúria, surge a criatividade e com ela algo de bom acontece. 

Oxalá essas crises que experimentamos tanto na economia quanto em nossa própria existência, no sentido de explicarmos o sentido para tudo isso e para nos conformarmos com o nosso eu, sejam combustíveis para alimentarmos o desejo de viver e de sermos felizes, buscando novas oportunidades além dos horizontes que se nos apresentam.